Além de Campos, outros casos foram
registrados em Duque de Caxias e na cidade do
Rio
A Diretoria de Vigilância em Saúde da Secretaria
Municipal de Saúde está monitorando o caso de um paciente de 60 anos internado
no Hospital Ferreira Machado (HFM) acometido por uma bactéria modificada pelo
gene NDM-1 (superbactéria). Ele está no setor de Doenças Infecciosas
Parasitárias (DIP) da unidade hospitalar, apresenta boa evolução e terá alta nos
próximos dias, como informa o vice-prefeito e secretário municipal de Saúde,
Doutor Chicão.
- O paciente vai continuar sendo acompanhando pela
Vigilância em Saúde e pelo Programa de Assistência Domiciliar (PAD), pois fez um
quadro de Acidente Vascular Cerebral (AVC) em maio deste ano. Além da
assistência hospitalar, fizemos o trabalho de orientação e prevenção, norteando
quanto à lavagem correta das mãos, desinfecção do ambiente e uso adequado dos
materiais de desinfecção – explicou Doutor Chicão.
De acordo com o diretor de Vigilância em
Saúde, Charbell Kury, o paciente não desenvolveu a
infecção. “Fizemos um trabalho em conjunto com a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) e a Vigilância Sanitária do estado do Rio de Janeiro para
isolar a bactéria. Trata-se de um caso de colonização da bactéria e não uma
infecção”, disse o diretor.
Ele esclarece a diferença entre colonização de
bactéria e invasão com infecção. “Enquanto na primeira temos apenas a bactéria
sobrevivendo sem causar nenhum problema ao paciente, como foi o
caso de
Campos, o segundo se dá quando a bactéria invade a corrente sanguínea e causa
sepse grave e morte”, orientou.
No Estado
O Rio de Janeiro registrou os primeiros casos de
contaminação por bactérias modificadas pelo gene NDM-1. Essas superbactérias
anulam os efeitos de antibióticos, inclusive aqueles que são mais utilizados
para combater infecções por micro-organismos multirresistentes. Os casos foram
registrados na pediatria do HemoRio, instituição de referência para tratamento
de pacientes com doenças do sangue, e em hospitais de Campos, e em Duque de
Caxias. Nenhum paciente morreu. Foi o segundo Estado do País a identificar a
superbactéria. O Rio Grande do Sul teve cinco casos divulgados em
maio.
A primeira
pessoa do Rio de Janeiro a ser identificada com a superbactéria foi uma menina,
que trata uma leucemia no HemoRio. Ela já havia recebido alta, depois de um mês
de internação, e foi encaminhada para colocação de um cateter no Hospital da
Criança. Lá, foi submetida ao exame de rotina para identificar possível
infecção. O resultado deu positivo.
A menina
não chegou a desenvolver a infecção. O hospital procurou outras crianças que
entraram em contato com a paciente. Também fechou leitos para permitir o
isolamento daqueles que estavam internados e a desinfecção das enfermarias.
Ainda há pacientes em isolamento, mas não foram diagnosticados novos
casos.
O
superintendente de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da Secretaria Estadual
de Saúde, Alexandre Chieppe, esclareceu que nenhum dos pacientes identificados
no Rio adoeceu. “Não foram casos de infecção. As pessoas foram colonizadas pela
bactéria com mecanismo de resistência mais amplo. Não há indicação para
interromper a rotina do funcionamento dos hospitais”, afirmou Chieppe. Ele
ressaltou que foram colocados em ação planos para conter a infecção, com
intensificação da limpeza de ambientes.
O
infectologista Alberto Chebabo, chefe do serviço de Doenças Infecciosas e
Parasitárias do Hospital Universitário da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, explica que a infecção por superbactéria pode ser grave para pacientes
com baixa imunidade, que estão em longas internações. “A bactéria se torna
resistente a vários antibióticos. São poucas as opções de tratamento”. Ele
ressalta que o controle é muito difícil. “É importante evitar a superlotação,
melhorar a higienização das mães e a vigilância de bactérias. Agora vamos ter
que saber se ela vai se adaptar e ficar permanentemente no Brasil, se vai se
espalhar ou se serão casos esporádicos”.
As
superbactérias aparecem a partir de uma mutação genética. Bactérias que já estão
presentes no organismo, como a E. Coli, sofrem a modificação e passam a produzir
enzimas que anulam o efeito do antibiótico. NDM-1 é a sigla pela qual é
conhecida a enzima que torna a bactéria multirresistente. Significa “New Delhi
Metallobetalactamase”. O primeiro caso foi registrado em Nova Délhi, na Índia,
em um paciente sueco, em 2009. Superbactérias com essa mutação foram
identificadas nos Estados Unidos, Canadá, países da Europa e da América
Latina.
Fonte: Campos 24 horas
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