Sob ameaça de ser fuzilado na Indonésia em breve, Marco Archer Cardoso Moreira, 50, diz ter esperança de que a presidente Dilma Rousseff consiga evitar a sua morte.
"Peço para ela ao menos tentar", disse, na madrugada de ontem, por telefone, em entrevista exclusiva à Folha. "A única pessoa que pode me salvar é ela."
Preso em 2003 ao tentar entrar na Indonésia com 13,4 kg de cocaína, Archer foi condenado à morte em 2004 -e já perdeu todos os recursos na Justiça. Ele está na prisão de segurança máxima de Pasir Putih ("areia branca"), a 430 km de Jacarta.
Na semana passada, um procurador disse ao "The Jakarta Post" que ele será executado nas próximas semanas, o que sinaliza que o presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, rejeitou o pedido de perdão -sua última chance de escapar.
O brasileiro disse não ter medo, mas espera que a situação seja revertida.
Enquanto não há definição sobre seu caso, o cenário que lhe soa mais positivo é continuar preso a 15,4 mil km de casa, como está há oito anos, sem perspectiva de voltar ao Brasil. O pior, encarar a morte.
A Folha falou com ele em três ocasiões: a primeira, no sábado à noite; as outras duas, na madrugada e na tarde de ontem, em 40 minutos de conversa, relatada a seguir:
"Peço para ela ao menos tentar", disse, na madrugada de ontem, por telefone, em entrevista exclusiva à Folha. "A única pessoa que pode me salvar é ela."
Preso em 2003 ao tentar entrar na Indonésia com 13,4 kg de cocaína, Archer foi condenado à morte em 2004 -e já perdeu todos os recursos na Justiça. Ele está na prisão de segurança máxima de Pasir Putih ("areia branca"), a 430 km de Jacarta.
Na semana passada, um procurador disse ao "The Jakarta Post" que ele será executado nas próximas semanas, o que sinaliza que o presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, rejeitou o pedido de perdão -sua última chance de escapar.
O brasileiro disse não ter medo, mas espera que a situação seja revertida.
Enquanto não há definição sobre seu caso, o cenário que lhe soa mais positivo é continuar preso a 15,4 mil km de casa, como está há oito anos, sem perspectiva de voltar ao Brasil. O pior, encarar a morte.
A Folha falou com ele em três ocasiões: a primeira, no sábado à noite; as outras duas, na madrugada e na tarde de ontem, em 40 minutos de conversa, relatada a seguir:
Folha - Oito anos depois de você ser condenado, o procurador disse ao "The Jakarta Post" que a sua execução seria em breve. Como você reage?
Marco Archer Cardoso Moreira - Eu reajo... [silencia, pensativo]. O que eu posso fazer?
Alguém te avisou sobre a possibilidade de execução?
Não. Ninguém me avisou de nada. Sei que saiu na imprensa aqui só. Mas, faz um mês, veio um procurador aqui e me fez assinar um papel sem timbre.
Você assinou um papel sem falar com o advogado?
Assinei. Mas não valia nada. O advogado da embaixada [brasileira em Jacarta] disse que, se foi assim mesmo, o papel não tem valor jurídico nenhum. Outros presos também assinaram.
Mas isso não te preocupa? Digo, pode ter sido baseado nisso que o procurador declarou que você seria executado...
Eles me disseram que não tinha valor jurídico.
O procurador ainda brincou perguntando o que eu queria como último pedido -e pedi três garrafas de Chivas [uísque] e duas mulheres. Falei de brincadeira!
E você tem medo?
Medo, não... Tenho um medinho. Qualquer um que está aqui pode ser executado a qualquer hora.
E tem bastante gente que foi presa antes de mim e que está na minha frente ainda... Só quem sabe é Deus. E tem como evitar isso.
Quem pode evitar?
A presidente Dilma. A única pessoa que pode me salvar é ela. Peço para ela ao menos tentar me ajudar. De presidente para presidente, talvez ela resolva.
Quem sabe ela resolve e consegue abaixar a minha pena para prisão perpétua. Eu peço ajuda também ao presidente [da Indonésia] Susilo. Ele é muito poderoso.
Mas, se o procurador falou que você seria executado, significa que o presidente da Indonésia rejeitou seus pedidos de clemência [feitos em 2006 e 2008]...
Não sei... Aqui na Indonésia tem muita pressão para punir traficante. Mas ele reduziu a pena de uma australiana [Schapelle Corby, que teve pena reduzida em cinco anos; ela não havia sido condenada à morte].
Você sabe como é a execução?
Houve dois nigerianos aqui que foram executados [em 2008, os dois últimos a morrer na Indonésia].
E como foi?
O comandante da prisão veio e falou para eles que tinha uma visita. Quando eles foram até os policiais, agarraram eles e levaram para fuzilar.
Um deles tentou fugir, mas não adiantou. Aí, à noite, eles foram executados.
Avisaram na hora?
Avisaram um mês antes. A execução foi aqui na ilha mesmo.
Deu para ouvir o tiro?
Não.
E como você está?
Bem... Hoje vieram dois psicólogos aqui me entrevistar. Fizeram um questionário, perguntaram se eu estava com depressão.
Levou uma hora para preencher um questionário. Eu não tenho nada.
O que você diria para quem está torcendo por você no Brasil?
Que nunca percam a esperança, que eu vou aguentar, se Deus quiser.
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